75 Anos de Batman | A Trajetória nos Quadrinhos

Batman é, foi e sempre será um dos personagens mais icônicos da cultura popular, e este ano o Cavaleiro das Trevas completa 75 anos, em que ele passou de quadrinhos para a televisão, de série em live action até série animada, programas de rádio, jogos de vídeo game, um grande entretenimento nos cinemas. Mas de onde ele veio? Quem o criou? Quais mudanças ele já teve? Para onde vai? O que é ele agora? Nós convidamos você percorrer essa trajetória de 75 anos de Batman neste artigo que vai falar sobre sua carreira e seu combate ao crime.

Batman - o início

Era 1939, após o sucesso do personagem de Superman nas páginas de Action Comics # 1, os editores da National Comics ordenou a criação de um outro personagem para a editora. O Artista Bob Kane, na época com seus 22 anos, teve uma idéia baseada na representação do ator Douglas Fairbanks como Zorro, o diagrama do ornitópero de Leonardo Da Vinci, e no filme The Bat Wisperers, essa idéia foi The Bat-Man. 

Kane encontrou um aspirante a escritor e vendedor de meio período chamado Bill Finger, para discutir o personagem que tinha criado. Finger e Bob se encontraram em uma festa, onde foi oferecido ao escritores cômicos Rusty & Clipe Carson. Kane já teve uma ideia para um personagem chamado Batman, mas era muito diferente do que conhecemos. Kane já tinha a primeira versão, mas era um personagem como Superman, sem luvas, roupa vermelha, uma máscara e asas de morcego ligados a suas costas.

Esta ideia não caiu no gosto de Finger, então ele sugeriu que fizesse algumas alterações de design. O projeto final teve uma grande influência da tira periódica de Lee Falk, O Fantasma (The Phantom). Finger e Kane concordaram em adicionar um capuz ao invés vez de uma máscara, uma capa ao invés de asas, luvas e eliminaram o traje vermelho. Finger também foi responsável pela a identidade secreta de Batman, Bruce Wayne. O nome vem de dois personagens, um patriota escocês Robert - the Bruce, Anthony Wayne, um oficial dos Estados Unidos da época da Guerra Revolucionária. Finger escreveu o roteiro inicial, enquanto Kane foi contratado para ilustrar as páginas, a revista Detective Comics # 27 tem data de lançamento maio de 1939 (mas nessa época lançamento acontecia quase três meses antes), uma história em quadrinhos que se tornaria um dos maiores tesouros da história.

No início de sua história, Batman era um personagem que matava criminosos. Sim, ele veio para matar e usar uma arma. O Batman teve uma grande influência de personagens como Doc Savage, O Sombra, Zorro e Sherlock Holmes, mas mesmo com seu caráter violento, o Cavaleiro das Trevas sentia remorso por matar seus inimigos. Um ano depois de sua estréia, Bob Kane, Bill Finger e Jerry Robinson tomaram a decisão de criar um Robin, um personagem que serviria para atrair os jovens, cuja identidade secreta seria  de um garoto órfão de circo chamado Dick Grayson. 

O nome Robin e as roupas foram baseados em duas fontes: as ilustrações do lendário ladrão Robin Hood por N.C Wyeth, daí o motivo para o uniforme similar à uma túnica e as famosas ‘botinhas de duende’, e a ave american robin (traduzida como tordo-americano), comum na América do Norte e cujo canto marca o início da primavera. As cores vibrantes do uniforme são também frequentemente associadas às origens circenses do personagem.

(Robin Hood por N.C Wyeth, tordo-americano e capa de Detective Comics #38. -dados sobre Robin e imagem: Terra Zero )

De acordo com Bill Finger, se Batman era Sherlock, Robin seria Watson, um personagem de apoio que serviria para uma conversa com o personagem principal, que era uma ótima ideia. Mas, se Robin é Watson, Sherlock é Batman, quem seria Moriarty?

Batman tinha alguns inimigos que ele havia enfrentado antes, mas ainda havia alguém que se tornaria seu verdadeiro arqui-rival, especialmente quando estava chegando a revista própria do personagem. Embora ninguém saiba ao certo quem foi o criador, em 1940, Bill Finger e Jerry Robinson tinham diferentes inspirações, cada um a sua própria versão, mas todos com o mesmo propósito: criar O Coringa. Robinson veio com um carta de baralho, Finger com uma foto do ator Conrad Veidt do filme "O Homem que Ri", um homem desfigurado com um sorriso perpétuo. Ambos com Kane, que foi responsável por dar vida ao Coringa, um palhaço, uma pessoa anormalmente associada com as mais bizarras atrocidades nas páginas de Batman nos últimos 70 anos. A razão de ser um personagem tão fascinante é por ser alguém que comete seus crimes mantendo sempre um sorriso talhado por uma pintura circense, tendo uma atitude imprevisível em cada ato, o verdadeiro Moriarty do Batman.

Ao longo dos anos Batman estava derrotando inimigo após inimigo, cada um mais interessante do que o outro, criando uma ampla gama de personagens que testam as habilidades do Cavaleiro das Trevas, também ia ganhando grandes aliados como seu fiel mordomo Alfred Penyworth, comissário de polícia James Gordon, e, claro, o Homem de Aço, Superman.

A queda do Morcego

Batman, mesmo sendo uma quadrinhos de heróis, trafegava no gênero de história de Detetives que ocasionalmente tinha violência, uso de drogas, sexo e outras coisas que a sociedade considerava má influência aos jovens, de modo que isso foi analisado de maneira muito errônea por Fredric Wertham em seu livro Sedução do Inocente. Este texto advertiu da "má influência" dos quadrinhos sobre os jovens, tornando as crianças propensas a fazer crimes, além disso, dizia que um personagem com traços de homossexualidade implícita influenciava outros personagens masculinos tal como Robin e, mesmo os leitores para serem homossexuais. Devido polêmica do caso, o Senado dos Estados Unidos criou uma regulamentação do governo para controlar esse tipo de conteúdo, resultando no "Código dos Quadrinhos".

Este código forçou clima de histórias de detetive do Batman fossem convertidas em histórias de ficção científica, e não contente com essa crítica sobre a orientação sexual do Cavaleiro das Trevas. Para acabar com essas declarações públicas foram criados os personagens de Batwoman, Batgirl e outros personagens como Batmite (nem vou mencionar mais este personagem) e o cão Ace formando um grupo conhecido como a Bat-Família.

Queda de Batman continuou na década de 60, DC reagiu contratando o editor Julius Schwartz, que voltou às origens de detetive ao eliminar Batwoman, Batmite, Bat-cão, e até mesmo Alfred Penyworth e contratou o artista Carmine Infantino, que deu uma nova imagem ao morcego mascarado, novos aspectos para o Batmóvel, somando-se isso, criação da Tia Harriet. 

Seguindo as alterações feitas durante a década de 60, mesmo assim as vendas de Batman não mudaram, o futuro parecia sombrio para o Homem-Morcego.

Retorno do Cavaleiro das Trevas.

No início dos anos 70, alarmado com as vendas fracas, escritor Dennis O'Neil e Neal Adams decidiram voltar às raízes do Batman com histórias sombrias e sinistras, reinventando o personagem, mas as vendas continuaram a cair por quase 15 anos.

Tudo mudou quando o escritor Frank Miller e Klaus Janson reinventaram o herói em Batman: O Cavaleiro das Trevas, que mostra um futuro alternativo em que Bruce Wayne assume o manto de Batman mais uma vez aos 50 anos, pois tinha abandonado o combate ao crime por causa da morte do segundo Robin, Jason Todd. O'Neil assumiu o cargo de editor de Batman, e Frank Miller comandou a retomada do personagem criando Ano 1 depois da minissérie Crise nas Infinitas Terras. Miller modernizou o personagem para novos tempos.

Ano 1 foi produzido em 1987, Miller criou essa grande história com o artista David Mazzuchelli, dando um clima de filme noir que promoveu a fundação para muitas outras adaptações para TV e Cinema.

Miller não estava sozinho, o escritor Allan Moore e Brian Bolland conseguiram criar uma das mais influentes graphic novels: A Piada Mortal, uma história focada no Coringa ao testar uma teoria de que um Dia ruim para uma pessoa pode levá-la ao caminho sem volta da loucura, para isso quebra a coluna da Bárbara Gordon e tortura fisicamente e mentalmente, seu pai Jim Gordon.

Esses dois trabalhos não só deram uma mudança de paradigma na história do personagem, como acabou tornando-o carro-chefe da editora até hoje, e trouxe toda uma consequência de heróis baseados na ultra-violência e cenas de impacto durante os famigerados anos 1990. Subtraindo isso, retorno de Batman foi notável, histórias sombrias e adultas estavam de volta, e que inspirou para criar filmes incríveis e séries animadas que se tornaram parte do culto do Cavaleiro das Trevas. Assuntos que  ficaram para um próximo post.